É normal que as tecnologias modernas, não só acabou com o Diálogo entre os
povos de todo o mundo, como também acabaram com o Diálogo familiar. Hoje a
língua de qualquer País, não só sofreu a intrusão tecnológica como também a
falta de interesse de escrever qualquer palavra corretamente.
Esta situação me faz lembrar um professor que nos dizia frequentemente que
a ciência estava numa palavra, máximo duas e jamais três. Assim a nova forma de
vida está reduzida à imaginação de cada um, eliminando o nefasto que possa
comprometer ou pôr em causa os conhecimentos sem conhecimentos. A carta foi
reduzida a mensagem, a mensagem reduzida a palavras e as palavras reduzidas a
simples letras.
Que um “k” tome o significado de que, talvez sejam as novas regras para
melhor compreender o mundo em que se vive, as regras das Academias de letras já
estão caducas, a maior parte das palavras a pouco a pouco vão morrendo de tédio
porque ninguém as usa por terem perdido o seu verdadeiro sentido. Uma das
coisas mais bonitas e portanto célebres eram as cartas de amor que se escreviam
entre a humanidade de todo o mundo. Esta comunicação entre povos, era a
verdadeira essência da vida, porque uma simples carta era capaz através do seu
conteúdo fazer esquecer os sacrifícios da vida e preencher a alma de sonhos
maravilhosos.
Esta magia milagrosa chamava-se amor, capaz de movimentar montanhas para
que esta chama que iluminava a vida nunca se apagara. No entanto, a pouco a
pouco a chama se foi apagando lentamente, até ao momento de apagar-se
definitivamente, deixando um mundo tenebroso, onde alguns seres humanos ficaram
a ver mais de noite do que de dia. Graças a esta falta de pigmentação
conseguiram conduzir-nos por caminhos tão obscuros e abstratos onde a alma se
perdeu e com ela toda a dignidade humana.
O incompreensível nos dias de hoje é que ninguém mesmo ninguém, tem
saudades do passado, nem tão pouco um gesto de repulsa ou aversão ao presente.
Esta transformação de humanos a zombies taciturnos, conseguiram adaptar-se
perfeitamente às novas tecnologias modernas. Por exemplo, uma criança de dois
anos já tem programas devidamente apropriados de adaptação ao futuro e saber
distinguir entre o bem e o mal. Um simples desenho de um menino com cara de mau;
num ecrã de telemóvel é mais que suficiente para que uma criança se adapte
instintivamente ao novo mundo. Em questão de segundos, já tem uma capacidade de
destruição ao seu alcance e de odiar ao mesmo tempo o menino de bem que não faz
outra coisa que ler e de dizer ao seu colega de cara de mau que os pratos e os
copos só servem pra comer e beber e não para partir.
Assim se cresce e assim se morre, sem nunca ultrapassar os jogos de futebol
e os concertos de ruídos insuportáveis que se ouvem a quilómetros de distância.
Os intérpretes destes ruídos são os novos Deuses deste mundo, não só têm a
capacidade de meterem multidões em transe como de transformarem as mesmas em
autênticos bonecos articulados com uns gestos de cabeça e braços provenientes
de um mundo encantado, deixando-os num estado de êxtase atados a estas
filosofias de terror para toda a vida. Entretanto os meninos maus continuam com
a sua destruição massiva, semeando ódio a todo aquele que não se deixa encantar
e muito menos sodomizar.
O amor morreu, o diálogo entre Nações também, o único que resta é uma
sociedade encantada mergulhada numa escuridão sem precedentes, esperando que as
portas do inferno se abram de uma vez por todas, para que este encantamento desapareça
para sempre sem qualquer possibilidade que esta, maldita êxtase possa voltar ao
reino dos vivos.