A ideia de criar um blog, foi
como uma espécie de revolta, alimentada por factos concretos ao ver como são
tratados os nossos anciãos nestas instituições públicas, sem existir por eles
qualquer respeito nem pela idade e muito menos por serem eles os que nos deram
a vida. Um dos primeiros artigos publicados, foi justamente relembrar o trato
que recebem estas pobres criaturas depois de tantos anos de sacrifícios de nos
criarem e o agradecimento que lhe demos é encerrá-los dentro de uma sala
preparada de uma forma para se olharem uns aos outros, sem gestos nem palavras
esperando o inesperado.
Alguns meses passaram e nem sequer um pequeno
sinal em vias de progresso, como se neste mundo já não houvera anciãos para
cuidar. Vivemos num mundo de tal ordem mecanizado onde já não cabe nem ética
nem moral nem qualquer outro princípio que possa alimentar uma pequena
esperança do que o ser humano possa recuperar a alma perdida!... Portanto, umas
das certezas desta vida, é que sem alma ninguém, mesmo ninguém, pode viver como
um ser humano. Sendo assim, não deixamos que estes robots sem alma, nos enviem
para outras épocas escravizadas onde valia tudo incluso tirar olhos.
É uma verdadeira catástrofe, que
não sejamos capazes de compreender esta forma maligna, como este Planeta está a
ser dirigido. Não é só, dentro da nossa casa onde existe desordem, a desordem
encontra-se em todos os pontos deste pobre mundo em vias de extinção. É certo
que a malvadez existe, mas também é certo se ela existe somos nós os verdadeiros
culpados da sua existência. A nossa ignorância, egoísmo, cegueira e outros
tantos fatores que nos levam a acreditar nestas corjas que andam por aí apregoar
histórias que só eles nos podem abrir as portas do céus onde reina o bem- estar
e o único que sabem fazer, é abrirem-nos as portas do inferno onde reina o
Diabo em carne e osso.
Por diversas razões, uma delas, o
espírito aventureiro de conhecer o desconhecido, levaram-me a terras longínquas
donde tudo era diferente. Esta nova vida em terras de Deus, em nada era
parecida com a vida que acabava de deixar. Foi como um amor à primeira vista, de
encontrar o lugar adequado para viver, com os pilares suficientes de riqueza de
sentir-me feliz. Quando o espírito encontra a liberdade necessária para ser ele
próprio, o resto é tudo uma consequência, tudo chega na hora exata, sobretudo
quando se tem a capacidade de amar o que se faz, os Deuses não tardam a
proporcionar o verdadeiro mecanismo para viveres como queres viver. É neste
sentido que quero esclarecer que todos nós temos as mesmas oportunidades.
Quando não as encontramos é necessários procurá-las estejam elas onde estejam;
o certo é, como bem dizem, quem procura encontra. O que não se pode fazer é
destruir a nossa- própria vida por culpa de uns- mal nascidos que nem sequer
sabem o que fazem.
Acontece por vezes, que tentamos
manter viva a chama da Pátria, mas ao fim de muitos anos se vai apagando e
renascendo uma outra, que é aquela que nos deu a liberdade de ser humanos. Não
existe um processo manual de adaptação, o que existe é uma forma automática que
dia atrás dia te vais adaptando ao ambiente como a todas as coisas, por mais
pequenas que sejam. Algum tempo depois, não só fazes como vez fazer, como
pensas da mesma maneira como os demais. É assim, que se cria uma nova forma de
vida, com um comportamento normal de sentir-se totalmente integrado no meio em
que vives. O problema é se um dia resolves volver ao passado como é o caso. A
adaptação é muito mais difícil, talvez por uma questão de idade ou coisa
parecida. Por mais cuidado que faças, inconscientemente estás sempre a cometer
os mesmos errores e o pior de tudo, mesmo que se faça revisão de texto é muito
possível que os errores chamados de simpatia persistam. É-me difícil assimilar
a palavra ancião, sempre escrevo “anciano” e tantas outras que escrevo pensando
que estou a escrever corretamente e não é assim. Peço desculpa por tais lapsos,
prometo de tentar corrigir-me o melhor que possa; o que não posso deixar, é de
denunciar em praça pública, a forma monstruosa como tratam aqueles que nos deram
a vida.
Também esclareço que esta forma
de escrever não é outra que tentar compreender uma existência sem qualquer
existência nem fundamento. Uma senhora de noventa anos, alguns dias atrás sem
qualquer lágrima nos olhos me confessou que nunca teve em toda a sua vida um
dia feliz, leva alguns meses a pensar como suicidar-se porque naquela maldita
sala nem isso pode fazer! Sem saber o que lhe devia responder, respondi-lhe que
era pecado suicidar-se e que todos os pecadores iam para o inferno. Olhou-me
com uma expressão muito distante e com uma voz convincente disse – Não pode haver
outro inferno pior que este! Esta sala já é o próprio inferno.