sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Uma lição de estoicismo

Neste mundo nunca foi fácil viver. Em outras épocas de uma maneira ou de outra, sempre se conseguia passar pelos intervalos da chuva, chegando aos sítios certos sem se molhar muito. Por outro lado, existia uma união familiar inseparável, recompensando afortunadamente todos os sacrifícios feitos durante o dia, por mais pesados que fossem. Os braços de uma criança envoltos ao pescoço do pai, uma outra dando um puxão de calças, chamando a atenção dos seus progenitores, como dizendo que também estou aqui, enquanto o mais velho ajuda nas tareias da casa, pondo lenha no fogo para que este não se apagasse e continuasse vivo para cumprir a missão, não só de aquecimento, como de cozer os alimentos. A mãe atenta a todos os pormenores não deixava que nada passasse, pois era a ela que competia levar todas as tareias de casa com a máxima harmonia e precisão para que toda a família crescera dentro de uma felicidade próspera, ultrapassando todas as barreiras cada dia mais difíceis de suportar, sem que estas, deixassem sequelas no seio destas famílias pela feroz vida que diariamente tinham que suportar.
 De norte a sul, exceto os Senhores das Casas Grandes; todas as famílias viviam da mesma maneira. Não era fácil, mas tão pouco na mente estoica destes valentes Senhores, não era caso de fugir e renegar o seu próprio sangue. Estoicamente sem sequer um suspiro de lamentação cumpriam a missão que eles próprios criaram da melhor maneira que podiam sem nunca baixarem os braços aos sacrifícios que diariamente tinham pela frente. No entanto, compreender esta vida sem sentido, esta vida escravizada, esta vida sujeita a todas as tempestades, fome, frio, perdida de alguns filhos de tenra idade por falta de alimentos, ou por agressões climáticas da própria natureza, provocando umas gripes impossíveis de controlar. Não é nada fácil de assimilar esta miséria humana, como era possível aceitar todas estas misérias sem sequer um grito de desespero ou de revolta?
A resposta não pode ser outra que o medo a um Deus Omnipotente. O amo se encarregava de transmitir e relembrar a todos os servos os castigos infringidos a todos aqueles que não cumpriam com a palavra de Deus. Tanto dentro ou fora da Igreja, a todo o momento era necessário elucidar com palavras adequadas para melhor compreender o sentido das mesmas. Diziam então: - não faz falta cometer o pecado para que Deus os castigue, chega unicamente pensar nele para que sejais queimados no inferno e excomungados eternamente! Não conseguiam compreender e nunca compreenderão que deixar morrer um filho à fome existindo ao lado uma árvore carregada de frutos apodrecendo é demasiado complicado aceitar esta filosofia de vida; donde nem sequer existe um veredito para ambas partes.  

Dia após dia, os tempos foram evolucionando por um lado e por outro, parece que se vão desmoronando completamente. Num curto espaço de tempo Deus foi esquecido, ou deixou de existir nestes tempos modernos onde tudo é permitido. É curioso que de um momento a outro deixassem de usar a palavra de Deus para usarem a palavra do Diabo. Esta confusão existente, entre o bem e o mal não existe uma viva alma que possa compreender estas malditas situações em que vive o ser chamado humano. Uma década atrás, quando se começava a pensar que a miséria humana sobre tudo no ocidente tinha acabado, de novo os ventos começam a soprar toda a espécie de calamidades um dia atrás de outro de forma tão precisa sem deixar prever o dia que esta maldição venenosa acaba.

Sem comentários:

Enviar um comentário