Neste mundo nunca foi fácil
viver. Em outras épocas de uma maneira ou de outra, sempre se conseguia passar
pelos intervalos da chuva, chegando aos sítios certos sem se molhar muito. Por
outro lado, existia uma união familiar inseparável, recompensando
afortunadamente todos os sacrifícios feitos durante o dia, por mais pesados que
fossem. Os braços de uma criança envoltos ao pescoço do pai, uma outra dando um
puxão de calças, chamando a atenção dos seus progenitores, como dizendo que
também estou aqui, enquanto o mais velho ajuda nas tareias da casa, pondo lenha
no fogo para que este não se apagasse e continuasse vivo para cumprir a missão,
não só de aquecimento, como de cozer os alimentos. A mãe atenta a todos os
pormenores não deixava que nada passasse, pois era a ela que competia levar
todas as tareias de casa com a máxima harmonia e precisão para que toda a
família crescera dentro de uma felicidade próspera, ultrapassando todas as barreiras
cada dia mais difíceis de suportar, sem que estas, deixassem sequelas no seio
destas famílias pela feroz vida que diariamente tinham que suportar.
De norte a sul, exceto os Senhores das Casas Grandes;
todas as famílias viviam da mesma maneira. Não era fácil, mas tão pouco na
mente estoica destes valentes Senhores, não era caso de fugir e renegar o seu
próprio sangue. Estoicamente sem sequer um suspiro de lamentação cumpriam a
missão que eles próprios criaram da melhor maneira que podiam sem nunca baixarem
os braços aos sacrifícios que diariamente tinham pela frente. No entanto,
compreender esta vida sem sentido, esta vida escravizada, esta vida sujeita a
todas as tempestades, fome, frio, perdida de alguns filhos de tenra idade por
falta de alimentos, ou por agressões climáticas da própria natureza, provocando
umas gripes impossíveis de controlar. Não é nada fácil de assimilar esta
miséria humana, como era possível aceitar todas estas misérias sem sequer um
grito de desespero ou de revolta?
A resposta não pode ser outra que
o medo a um Deus Omnipotente. O amo se encarregava de transmitir e relembrar a
todos os servos os castigos infringidos a todos aqueles que não cumpriam com a
palavra de Deus. Tanto dentro ou fora da Igreja, a todo o momento era
necessário elucidar com palavras adequadas para melhor compreender o sentido
das mesmas. Diziam então: - não faz falta cometer o pecado para que Deus os
castigue, chega unicamente pensar nele para que sejais queimados no inferno e
excomungados eternamente! Não conseguiam compreender e nunca compreenderão que
deixar morrer um filho à fome existindo ao lado uma árvore carregada de frutos
apodrecendo é demasiado complicado aceitar esta filosofia de vida; donde nem
sequer existe um veredito para ambas partes.
Dia após dia, os tempos foram
evolucionando por um lado e por outro, parece que se vão desmoronando
completamente. Num curto espaço de tempo Deus foi esquecido, ou deixou de
existir nestes tempos modernos onde tudo é permitido. É curioso que de um momento
a outro deixassem de usar a palavra de Deus para usarem a palavra do Diabo.
Esta confusão existente, entre o bem e o mal não existe uma viva alma que possa
compreender estas malditas situações em que vive o ser chamado humano. Uma
década atrás, quando se começava a pensar que a miséria humana sobre tudo no
ocidente tinha acabado, de novo os ventos começam a soprar toda a espécie de calamidades
um dia atrás de outro de forma tão precisa sem deixar prever o dia que esta
maldição venenosa acaba.
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