Quando criança, uma das melhores
brincadeiras que tinha, era abrir a cancela do curral dos porcos, deixa-los
fugir para tirarem a barriga de misérias nos bons pastos primaverais. Nesses
tempos, ver a alegria da mãe porca em liberdade, com os seus nove leitõezinhos
a pastarem e brincarem junto da sua progenitora, para uma criança essa imagem
era mais que um regalo de Deus. Por mais ameaças que me faziam alguns lesados
de uma couve ou outra comida pelos leitõezinhos, por instinto ou por outras
razões que ainda hoje desconheço, sempre fazia a mesma coisa.
Outras travessuras, era perder-me no
meio dos campos à procura de toda a classe de ninhos e tentar compreender o vai
e vem dos passarinhos sempre com qualquer coisa entre o bico para alimentarem
os seus filhotes. Observar este mundo natural e ver como se reproduziam estas
pequenas criaturitas sem a necessidade da mão negra do bicho homem é qualquer
coisa sobrenatural e sagrado, dando a impressão que tudo se movimentava por si
só.
Assentado
em qualquer fraga, de olhos postos em várias árvores ao mesmo tempo, esperava a
entrada e saída destas mães gloriosas dos seus ninhos. Além de alimentarem os
filhos com todo o carinho, ainda tinham tempo de pousarem em qualquer ramo para
cantarem ao desafio entre espécies. O mais bonito desta fauna é que todos os
seus habitantes eram catedráticos sem terem necessidade de diplomas
Universitários e viverem felizes e contentes sem a necessidade de fazerem
guerras nem roubarem a outros o que não lhes pertence. A primeira coisa que
aprenderam foi a respeitar uns e outros e a fugirem para longe quando se
aproximava o bicho homem.
De tenra idade, nunca suportei
injustiças. Ver os gritos desesperados de um povo a pedir pão para matar a fome,
não só era arrepiante, como inolvidável. Dentro dessa miséria infinita, ainda
existia uma espécie de remordimentos escondidos no consciente, coisa que apouco
e pouco foi desaparecendo da mente humana. Hoje os leitõezinhos deixaram de ser
leitões para transformarem-se em grandes porcos, dentro de pocilgas imundas,
alimentados à base de rações hormónicas pluricelulares em que num curto espaço
de tempo perdem toda a configuração animal, para tornarem-se em monstros de
grandes tetas, sem qualquer possibilidade de verem no matadouro se são porcas
ou porcos!...
Passa o mesmo com, outras espécies
comestíveis, Fabricaram vírus inexistentes, como o vírus das vacas loucas,
sida, ébola, aviário, cocaína, heroína, ervecidas e tantos outros venenos com o
único fim de proibir o ser humano a criar o seu próprio alimento, para ficar
totalmente à mercê das multinacionais e escravo das mesmas.
Estes métodos revolucionários de fazer
dinheiro à conta da estupidez e da cobardia humana, é totalmente normal que
ditos sistemas se perpetuem ao infinito, pela falta de oposição a estes
atropelos contra natura. Assim não é difícil compreender que os verdadeiros
porcos estão entranháveis na raça humana, suportando todo o tipo vexações sem
qualquer protesta. Não existem dúvidas desta realidade, cada povo tem o governo
que merece. No entanto, não deixo de perguntar-me a cada instante o porquê
desta destruição massiva, não só, das florestas como de todas as espécies
existentes nas mesmas.