Hoje faz quarenta e um anos que
me despertei num hotel de Paris. Liguei a televisão não só para ajudar-me a
despertar, como também enquanto fazia a barba, me ponha em dia com as notícias.
Acabava de ensaboar a cara, quando escuto o não imaginado jamais na minha vida,
“Coup d´État au Portugal”. Saí do quarto de banho, como se estivesse sonhando, mesmo
diante das imagens televisivas pensava que os golpes de Estado só existiam em
repúblicas bananeiras, e não na Europa. Limpei a cara, vesti qualquer coisa,
desci à receção para assegurar-me que não sonhava e ao mesmo tempo necessitava
de compartir este grande sentimento de euforia com alguém que sentisse a mesma
coisa. Qual é o meu espanto, ao ver que não era só eu, que tinha essa
necessidade, mas todos aqueles que se encontravam na receção, além de franceses
existiam belgas e espanhóis e sobretudo estes, não só estavam eufóricos com o
País vizinho, como também sonhavam com a liberdade de Espanha.
Quarenta e um anos passaram na
minha vida, a não ser o nascimento dos meus filhos, não há grandes coisas que
me tivessem marcado como este acontecimento. O sentimento de liberdade é um
sentimento inconfundível, um sentimento sagrado, intrínseco, acima de todas as
coisas; porque só ele, a que nos define que somos nós próprios e jamais
escravos e muito menos cães adestrados ao serviço de uns quantos monstros ignominiosos
ao serviço do próprio diabo.
Ontem um jornal além- fronteiras,
fazia alusão ao pacto diabólico dos três partidos, PSD, CDS e o Partido
Socialista de introduzirem um controle prévio nos meios de comunicação na
próxima campanha eleitoral. Não é de estranhar que alguns dias atrás o Tribunal
de Contas tenha acusado o Tribunal Constitucional de desperdiçar o dinheiro do
contribuinte. Quando as águas dos rios correm a velocidades turbulentas,
algures haverá tempestades para tais efeitos. Não deixa de ser arrepiante,
estes ataques à democracia, se é “que um conjunto de atrocidades se possam
chamar assim”, no entanto não se pode compreender que o próprio partido
Socialista esteja conivente na morte desta pobre e frágil democracia em vias de
extinção.
O comportamento destes três partidos
é bem o princípio de um complô conspirativo ditatorial, cujo Presidente da
República não pode ter outra opção que dissolver a Assembleia da República e
formar um governo provisório. Não é difícil compreender quando os maus
presságios ultrapassam a linha da legalidade é porque alguma coisa se está a
cozinhar.
Tribunais contra Tribunais, a
verdade encarcerada em contentores, a educação enxovalhada, onde já se acusam
os professores de estes fazerem sexo com alunos de catorze anos, toda a classe
de abusos constitucionais. Numa só palavra, Portugal deixou de o ser, para se
transformar numa escumalha escravizada pela União Europeia, Troika, FMI ou por
qualquer meliante com os bolsos cheios de dinheiro para comprarem vistos Gold e
poder fazer o que bem entender, como por exemplo montar bordeis de luxo, coisa
que nos Países desses meliantes não podem fazer este tipo de negócios, porque
ainda existe algum respeito pela mulher.
Como é possível que o povo
português tenha estômago para suportar e engolir todos os sapos que nos metem
pela garganta abaixo? Será que já estamos todos loucos? Dia 23 de Abril saí do
meu buraco habitual, para dar uma volta pela célebre baixa de Lisboa. O turismo
prometia, os comércios de luxo funcionavam, tudo parecia correr às-mil-maravilhas,
salvo que tive a infelicidade de mudar de itinerário e ver o que não pensava
ver. Gente de bom aspeto a vasculhar em caixotes do lixo à procura de um troço
de pão para levarem à boca. Tenho-o escrito muitas vezes, mas felizmente nunca
o tinha observado.
Quando um povo chega às condições
de ter de vasculhar no lixo para sobreviver, só pode ser o próprio lixo em
movimento. É uma autêntica vergonha que uma outra parte, do mesmo lixo, se
movimente em altas cilindradas, gastando milhões de euros para festejarem
hipocritamente o dia da democracia, quando ditos festejos segundo os avisos dos
voos das aves não é outra coisa que a comemoração de outro fascismo jamais
visto.
A Europa está a ultrapassar o
mais alha incondicionalmente, cujos fins não podem ser outros que a sua própria
destruição. Nestes momentos, os políticos Europeus, nem sequer têm a capacidade
de ver se dois e dois são quatro, quanto mais compreenderem o abismo em que
eles próprios estão metidos. A única coisa certa desta vida atual, é a desnudez
total, e se tivéramos de continuar a passar fome; fazemo-lo com conhecimento de
causa, e jamais em pró do desconhecido. O povo é o único órgão de soberania
legal que tem o poder de eleger quem deve ou não deve governar.
A única solução viável é fugir da
Europa como o diabo foge da cruz; em caso de dificuldade o exército não serve
para outra coisa que por em ordem o que se encontra em desordem. Já o fez uma
vez e que o volva a fazer, Mas, desta vez, que o faça na perfeição devolvendo a
Cezar o que é de Cezar, nem que para isso tenha que baixar às profundezas do
inferno buscar aquilo que nos pertence.