domingo, 26 de abril de 2015

O 25 de Abril

Hoje faz quarenta e um anos que me despertei num hotel de Paris. Liguei a televisão não só para ajudar-me a despertar, como também enquanto fazia a barba, me ponha em dia com as notícias. Acabava de ensaboar a cara, quando escuto o não imaginado jamais na minha vida, “Coup d´État au Portugal”. Saí do quarto de banho, como se estivesse sonhando, mesmo diante das imagens televisivas pensava que os golpes de Estado só existiam em repúblicas bananeiras, e não na Europa. Limpei a cara, vesti qualquer coisa, desci à receção para assegurar-me que não sonhava e ao mesmo tempo necessitava de compartir este grande sentimento de euforia com alguém que sentisse a mesma coisa. Qual é o meu espanto, ao ver que não era só eu, que tinha essa necessidade, mas todos aqueles que se encontravam na receção, além de franceses existiam belgas e espanhóis e sobretudo estes, não só estavam eufóricos com o País vizinho, como também sonhavam com a liberdade de Espanha.
Quarenta e um anos passaram na minha vida, a não ser o nascimento dos meus filhos, não há grandes coisas que me tivessem marcado como este acontecimento. O sentimento de liberdade é um sentimento inconfundível, um sentimento sagrado, intrínseco, acima de todas as coisas; porque só ele, a que nos define que somos nós próprios e jamais escravos e muito menos cães adestrados ao serviço de uns quantos monstros ignominiosos ao serviço do próprio diabo.
Ontem um jornal além- fronteiras, fazia alusão ao pacto diabólico dos três partidos, PSD, CDS e o Partido Socialista de introduzirem um controle prévio nos meios de comunicação na próxima campanha eleitoral. Não é de estranhar que alguns dias atrás o Tribunal de Contas tenha acusado o Tribunal Constitucional de desperdiçar o dinheiro do contribuinte. Quando as águas dos rios correm a velocidades turbulentas, algures haverá tempestades para tais efeitos. Não deixa de ser arrepiante, estes ataques à democracia, se é “que um conjunto de atrocidades se possam chamar assim”, no entanto não se pode compreender que o próprio partido Socialista esteja conivente na morte desta pobre e frágil democracia em vias de extinção.
O comportamento destes três partidos é bem o princípio de um complô conspirativo ditatorial, cujo Presidente da República não pode ter outra opção que dissolver a Assembleia da República e formar um governo provisório. Não é difícil compreender quando os maus presságios ultrapassam a linha da legalidade é porque alguma coisa se está a cozinhar.
Tribunais contra Tribunais, a verdade encarcerada em contentores, a educação enxovalhada, onde já se acusam os professores de estes fazerem sexo com alunos de catorze anos, toda a classe de abusos constitucionais. Numa só palavra, Portugal deixou de o ser, para se transformar numa escumalha escravizada pela União Europeia, Troika, FMI ou por qualquer meliante com os bolsos cheios de dinheiro para comprarem vistos Gold e poder fazer o que bem entender, como por exemplo montar bordeis de luxo, coisa que nos Países desses meliantes não podem fazer este tipo de negócios, porque ainda existe algum respeito pela mulher.
Como é possível que o povo português tenha estômago para suportar e engolir todos os sapos que nos metem pela garganta abaixo? Será que já estamos todos loucos? Dia 23 de Abril saí do meu buraco habitual, para dar uma volta pela célebre baixa de Lisboa. O turismo prometia, os comércios de luxo funcionavam, tudo parecia correr às-mil-maravilhas, salvo que tive a infelicidade de mudar de itinerário e ver o que não pensava ver. Gente de bom aspeto a vasculhar em caixotes do lixo à procura de um troço de pão para levarem à boca. Tenho-o escrito muitas vezes, mas felizmente nunca o tinha observado.
Quando um povo chega às condições de ter de vasculhar no lixo para sobreviver, só pode ser o próprio lixo em movimento. É uma autêntica vergonha que uma outra parte, do mesmo lixo, se movimente em altas cilindradas, gastando milhões de euros para festejarem hipocritamente o dia da democracia, quando ditos festejos segundo os avisos dos voos das aves não é outra coisa que a comemoração de outro fascismo jamais visto.
A Europa está a ultrapassar o mais alha incondicionalmente, cujos fins não podem ser outros que a sua própria destruição. Nestes momentos, os políticos Europeus, nem sequer têm a capacidade de ver se dois e dois são quatro, quanto mais compreenderem o abismo em que eles próprios estão metidos. A única coisa certa desta vida atual, é a desnudez total, e se tivéramos de continuar a passar fome; fazemo-lo com conhecimento de causa, e jamais em pró do desconhecido. O povo é o único órgão de soberania legal que tem o poder de eleger quem deve ou não deve governar.

A única solução viável é fugir da Europa como o diabo foge da cruz; em caso de dificuldade o exército não serve para outra coisa que por em ordem o que se encontra em desordem. Já o fez uma vez e que o volva a fazer, Mas, desta vez, que o faça na perfeição devolvendo a Cezar o que é de Cezar, nem que para isso tenha que baixar às profundezas do inferno buscar aquilo que nos pertence.

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