domingo, 12 de abril de 2015

As barquinhas navegando pelo Inferno

Ser ignorante não é crime; no entanto, quando a ignorância ultrapassa as barreiras da imbecilidade, a sociedade corre o risco de se transformar em qualquer coisa fora de comum, podendo contaminar meio mundo ao idiotismo, sem destino nem perspetivas de uma razão de ser. Nesta vida cada um de nós, deve de ter o direito de exprimir-se conforme as suas convicções, mas de maneira nenhuma tem o direito de as impor seja a quem seja. É o pão nosso de cada dia, mesmo dentro da nossa própria casa, ouvir montes de barbaridades, algumas delas, por vezes, nos fazem rir e outras quando ultrapassam as boas regras de convivência devem de ser corrigidas no preciso momento que saiam da boca de ignorantes que nem sequer sabem o que dizem.
Num Estado de Direito, a liberdade de expressão deve de ser totalmente livre, sempre e quando, não existam insinuações, manipulações, situações obscuras, denegrindo a lógica do bem - estar em proveito do próprio Diabo, porque só ele, a que é capaz de desacreditar através de todos os meios mais maquiavélicos para destruir tudo e todos que o rodeiam para conseguir os seus fins demoníacos.
Para que não existam más interpretações, começo por dizer que em nada me preocupa o Diabo em letra grande ou pequena, porque felizmente há vários anos, isto é, desde muito criança que aprendi a distinguir a verdade da mentira e ao mesmo tempo, compreender a diferença entre a vida dos ricos e a vida dos e pobres. Por um lado, existia o Senhor poderoso; por outro, existiam os limpa - botas, sempre dispostos às exigências do amo, mesmo que este, exigisse em bandeja as suas próprias mulheres e por vezes as suas próprias filhas de tenra idade para satisfazer a sua perversidade. Estes miseráveis “Limpa-botas”, não tinham escrúpulos de nada e estavam sempre dispostos de uma maneira ou de outra, a satisfazer os desejos do seu amo. Se um pobre companheiro tivesse a infelicidade de fazer algum comentário destes abusos de menores, a primeira coisa a fazer era o desterro para muito longe, porque nessa localidade a partir desse momento fechavam-se todas as portas de sobrevivência. O castigo era eficaz, a fuga para muito longe ou uma morte lenta provocada com pancada de vez em quando por pisar terras proibidas, levando assim, um honrado e justo cidadão à loucura, e a uma morte horrorífica de frio e fome nos arredores do povoado. Simplesmente por comentar o que de maneira nenhuma podia comentar!
É arrepiante que este episódio e tantos outros, alguns deles com mortes praticadas pelas próprias autoridades, contra trabalhadores em greve, quando estes pediam um pequeno aumento!... Analisando bem esta ignorância ou melhor dito, esta arrogância de pensar que são aquilo que não são, em nada nos distanciam de tempos Feudalistas. Pelo contrário, nesses tempos ainda se conheciam as caras dos lobos e eram eles próprios, a fazer face a qualquer tentativa de impedimento das suas funções, enquanto hoje, os lobos se vestem com pele de cordeiro e é com o dinheiro do contribuinte que se fazem passar por grandes Senhores, quando na realidade não passam de uns autênticos “ limpa - botas” dos monstros que dominam o Planeta.
Esta lavagem de cérebros de atrofiamento ao povo, o que é, não é, e o que não é, é. Estas manipulações enganosas custam milhões ao contribuinte e é uma autêntica vergonha que alguns povos no seculo XXI, sabendo ler e escrever, estejam ao mesmo nível ou pior que na idade media. Nesses tempos longínquos, a maior parte da população vivia com o instinto de sobrevivência, hoje este instinto foi substituído, por vícios, dependências, comportamentos compulsivos e degenerados devidamente estudados para eliminar toda a decência Humana.
Uns dias atrás, num programa televisivo chamado Barca do Inferno, por mera casualidade, pela primeira vez, vi alguém que não tinha papas na língua, ao dizer e ao mesmo tempo expor as misérias existentes deste País. Estava a ser um momento agradável de programa, mas rápido se desvaneceu da mesma forma, como se desvanece a família dos Efemerídeos A falta de educação existente nesse programa, faz lembrar aquela história da mãe que grita à filha para chamar à vizinha o que ela é. É de um descaramento inconcebível que num País chamado de Direito existam instituições públicas com sistemas devidamente estudados e preparados para porem em causa a verdade e o bom funcionamento de uma verdadeira convivência.
Como é possível que alguém sem qualquer conhecimento de causa, tenha a vileza de impedir o comentário de alguém, quando dito comentário por si só, é uma verdade incontestável? Como podem ter comentaristas em programas públicos, que custam fortunas, despreciando fundamentos democráticos, enaltecendo princípios fraudulentos isentos de qualquer legalidade constitucional?
Sem grandes detalhes, uma Senhora comentarista comentava nesse programa as condições das prisões portuguesas e até ao momento que foi possível ouvi-la, não havia nada errado, pelo contrário, eram dados que deviam ser considerados de utilidade pública. Talvez, pela veridicidade de factos, se levantou um auguratório cujos áugures começaram por desprestigiar a Senhora acusando-a de plágio, dizendo-lhe o que dizia era uma política de pacotilha do sociólogo Boaventura Sousa Santos. Acrescentando que a sociologia desse Senhor era algo como a estravagância de Fidel de Castro! (…) Dito programa não contente com a primeira intervenção sai uma outro áugure dizendo que antes não existia Justiça, mas que hoje, já há Justiça. Uma outra Senhora pede esclarecimentos de tais intervenções e nesse momento a primeira Senhora que estava a falar ficou com o discurso a meio e o espetáculo transformou-se num disco raiado repetindo sempre a mesma coisa, sem qualquer intenção de deixar falar seja quem seja, exceto os áugures, que continuavam a dizer uma seria de disparates sendo uma autêntica vergonha que num País tão maravilhoso como o nosso, possa existir tanto veneno, envenenando sem dó nem piedade tudo que lhes passe pelas mãos.
O senhor Boaventura Sousa Santos é uma das pessoas mais bem conceituada além- fronteiras, galardoado em México, distinguido em toda América do Norte e do Sul, respeitado e admirado em todo Mundo. Na minha humilde opinião, é um dos melhores sociólogos deste Planeta. É verdadeiramente triste, mesmo para ficar de luto, ver como o teu próprio País tem programas de desprestígio onde qualquer “illettrée” tem o desrespeito de insultar e comparar como um charlatão, uma figura científica reconhecida mundialmente, enquanto neste País, só as Excelências de pacotilha e os degenerados têm direito a dizer o que querem, quando o que dizem sirva para enaltecer o genocídio de velhos, os desfalques bancários, a desnutrição das nossas crianças, a destruição total da nosso cultura impossibilitando os professores de fazer o seu trabalho, empacotando a justiça em contentores para que os Juízes não tenho acesso à mesma, não falando dos visados corruptos e todo esse mundo onde se movem biliões de Euros enquanto o povo mesmo aqueles que trabalham não conseguem chegar ao fim do mês.
 Por último, se vende Portugal a qualquer multinacional usurária como os correios e outras tantas coisas com efeitos destrutivos como se tratara de uma bomba atómica. Tão pouco, esta corja que nos governa, têm escrúpulos de sermos obrigados a fugir, da mesma maneira como fogem as ratas quando se apercebem de terramotos que se aproximam.
Assim dizia Luís Vaz de Camões: Por mares nunca de antes navegados passamos além da Taprobana.  
Muito triste e revoltado, me pergunto onde está aquela força humana que nos levou tão longe, para hoje sermos os últimos a chegar a nenhuma parte? Não é a miséria material que escandaliza, mas sim, a miséria espiritual e ver a passividade de um povo sem qualquer resistência de lutar pelos seus próprios filhos, deixando-os à mercê de qualquer monstro, podendo estes monstros fazem o que muito bem lhes apetece.

A maior tristeza nesta vida, é perder a nossa própria essência, ficando passivo a todas injustiças e ao mesmo ver como nos transformamos em autênticos zombies. 

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