Champigny-sur-Marne, Seine-Saint-Dinis, Bobigny, Creteil e outras
tantas regiões de Paris, que nas décadas sessenta e setenta do seculo passado foram invadidas por
milhares de portugueses em busca de sobrevivência.
Nessa época a França, país pelo qual eu tenho um grande respeito, não tinha
o mínimo de condições para receber estas avalanchas migratórias constantes. No
entanto, talvez a necessidade de mão- de- obra, fechou os olhos momentaneamente,
que estas pobres criaturas ocupassem terrenos baldios e construíssem umas
barracas de lata sem terem um mínimo de condições de vida.
Assim, passaram a viver os nossos pobres emigrantes, em condições tão
ínfimas que nem para animais serviam quanto mais para ser humanos!... De inverno
a neve chegava a ter cinquenta centímetros de altura imaginem o sacrifício para
conseguirem saírem destes lugares e de verão os maus cheiros eram
insuportáveis. Resistir a tais situações, só a mãe natureza pode responder como
foi possível, estes infelizes terem saído imunes destes horrorosos campos
dormitórios, cujo aspeto era mais de campos de concentração.
O Governo Português nada fez para melhorar a situação, exceto a França que
a pouco a pouco foi eliminando esta miséria humana. Enquanto, em Portugal cada
vez aumentava mais a repressão. Os políticos iscariotes da altura tinham que
obedecer às necessidades latifundiárias das quintas do Douro que não podiam
ficar sem os escravos que trabalhavam de sol a sol por uma miserável quantia
que nem sequer chegava para comprar uma broa de milho. No centro do País a
situação era um pouco diferente, já se necessitava de obreiros com um pouco de
especialização como a carta de condução para conduzirem os autocarros da
Carris, não esquecendo também a companhia de telefones que necessitava de
lindas mulheres e bem falantes para telefonistas, só que para conseguirem dito
trabalho, tinham que assinar documentos que renunciavam aos homens, isto é
ficavam proibidas de casar.
Norte e Centro comandado por estrangeiros. Os latifúndios do Sul, já eram
nacionais mas, se num lado chovia, no outro caía granizo. Na época das ceifas,
debaixo de um sol abrasador as exigências feudalistas eram de tal ordem
terríveis difícil de suportar e se alguém tivesse a infeliz ideia de protestar,
já sabiam que não hesitavam de chamar a Guarda Nacional Republicana para esta
por fim à protesta. E como esta instituição policial estava isenta de
escrúpulos, isenta de razão e sim, cheia de ódio perante os campesinos que
protestavam, esquecendo-se que antes também fazia parte; não duvidava em
disparar e mesmo matar como mataram uma pobre mulher grávida em Beja por
reclamar uns miseráveis tostões para conseguir dar de comer aos seus filhos.
Triste vida, nessa época de escravidão!... Todo aquele que tentava fugir
das garras do escravizador tinha como destino a prisão ou a morte. As prisões
estavam cheias de criminosos clandestinos, sendo alguns deles condenados a
cinco anos de prisão. Estes delinquentes que conseguiram fugir do horror
fascista, alguns meses depois já estavam a sustentar as suas famílias com o
suor da sua frente.
Duas décadas depois “ os verdadeiros delinquentes” que governavam o País
nessa época e que alguns deles se encontram no Governo de hoje, roubaram por
completo as Arcas do Estado e com toda uma astúcia bem engenhosa conseguiram
roubar um setenta por cento das economias de todos os emigrantes e assim
conseguirem evitar a banca rota. A situação de outrora é a mesma que passa hoje
no mar Mediterrâneo. Só que nessa época nos chamavam delinquentes e hoje lhes
chamam terroristas.
Mas, não deixa de ser curioso de serem esses antigos
delinquentes que fugiram do País, que depois do 25 de Abril sustentam o País;
alimentando uma corja de malfeitores e de cães raivosos que desconhecem por
completo quem lhes dá de comer. Caros compatriotas a situação atual ainda
consegue estar pior, do que nos anos sessenta. É a nós de nós protegermos desta
cambada usuraria que não têm qualquer duvida em chupar-nos a última gota de
sangue