segunda-feira, 20 de julho de 2015

Outrora


Champigny-sur-Marne, Seine-Saint-Dinis, Bobigny, Creteil e outras tantas  regiões  de Paris, que nas décadas  sessenta e setenta  do seculo passado foram invadidas por milhares de portugueses em busca de sobrevivência.
Nessa época a França, país pelo qual eu tenho um grande respeito, não tinha o mínimo de condições para receber estas avalanchas migratórias constantes. No entanto, talvez a necessidade de mão- de- obra, fechou os olhos momentaneamente, que estas pobres criaturas ocupassem terrenos baldios e construíssem umas barracas de lata sem terem um mínimo de condições de vida.
Assim, passaram a viver os nossos pobres emigrantes, em condições tão ínfimas que nem para animais serviam quanto mais para ser humanos!... De inverno a neve chegava a ter cinquenta centímetros de altura imaginem o sacrifício para conseguirem saírem destes lugares e de verão os maus cheiros eram insuportáveis. Resistir a tais situações, só a mãe natureza pode responder como foi possível, estes infelizes terem saído imunes destes horrorosos campos dormitórios, cujo aspeto era mais de campos de concentração.
O Governo Português nada fez para melhorar a situação, exceto a França que a pouco a pouco foi eliminando esta miséria humana. Enquanto, em Portugal cada vez aumentava mais a repressão. Os políticos iscariotes da altura tinham que obedecer às necessidades latifundiárias das quintas do Douro que não podiam ficar sem os escravos que trabalhavam de sol a sol por uma miserável quantia que nem sequer chegava para comprar uma broa de milho. No centro do País a situação era um pouco diferente, já se necessitava de obreiros com um pouco de especialização como a carta de condução para conduzirem os autocarros da Carris, não esquecendo também a companhia de telefones que necessitava de lindas mulheres e bem falantes para telefonistas, só que para conseguirem dito trabalho, tinham que assinar documentos que renunciavam aos homens, isto é ficavam proibidas de casar.
Norte e Centro comandado por estrangeiros. Os latifúndios do Sul, já eram nacionais mas, se num lado chovia, no outro caía granizo. Na época das ceifas, debaixo de um sol abrasador as exigências feudalistas eram de tal ordem terríveis difícil de suportar e se alguém tivesse a infeliz ideia de protestar, já sabiam que não hesitavam de chamar a Guarda Nacional Republicana para esta por fim à protesta. E como esta instituição policial estava isenta de escrúpulos, isenta de razão e sim, cheia de ódio perante os campesinos que protestavam, esquecendo-se que antes também fazia parte; não duvidava em disparar e mesmo matar como mataram uma pobre mulher grávida em Beja por reclamar uns miseráveis tostões para conseguir dar de comer aos seus filhos.
Triste vida, nessa época de escravidão!... Todo aquele que tentava fugir das garras do escravizador tinha como destino a prisão ou a morte. As prisões estavam cheias de criminosos clandestinos, sendo alguns deles condenados a cinco anos de prisão. Estes delinquentes que conseguiram fugir do horror fascista, alguns meses depois já estavam a sustentar as suas famílias com o suor da sua frente.
Duas décadas depois “ os verdadeiros delinquentes” que governavam o País nessa época e que alguns deles se encontram no Governo de hoje, roubaram por completo as Arcas do Estado e com toda uma astúcia bem engenhosa conseguiram roubar um setenta por cento das economias de todos os emigrantes e assim conseguirem evitar a banca rota. A situação de outrora é a mesma que passa hoje no mar Mediterrâneo. Só que nessa época nos chamavam delinquentes e hoje lhes chamam terroristas.
Mas, não deixa de ser curioso de serem esses antigos delinquentes que fugiram do País, que depois do 25 de Abril sustentam o País; alimentando uma corja de malfeitores e de cães raivosos que desconhecem por completo quem lhes dá de comer. Caros compatriotas a situação atual ainda consegue estar pior, do que nos anos sessenta. É a nós de nós protegermos desta cambada usuraria que não têm qualquer duvida em chupar-nos a última gota de sangue

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